Enrique Garcia é CEO da Klüber Lubrication América do Sul & Austrália, empresa do Grupo Freudenberg, onde atua há mais de 20 anos. É membro do Comitê Executivo Global do Grupo Klüber Lubrication e também faz parte, há mais de 10 anos, do Comitê de Inovação Global da empresa. Tem como principal propósito o desenvolvimento de pessoas, times, organizações e negócios no mercado B2B, de forma sistêmica e sustentável. Sua grande paixão é inspirar as pessoas, promover a inovação como uma constante na atividade diária e transformar essas ideias em realizações.
Nesta entrevista, o executivo fala um pouco sobre a crise mundial causada pela pandemia da COVID-19, estratégias para lidar com os impactos e minimizar os efeitos, as ações realizadas pela empresa neste período e as diferenças entre os diferentes mercados sob sua gestão.
Com toda esta crise, tiveram diversos setores que aproveitaram para acelerar negócios e operarem em outros canais, como e-commerce, plataformas digitais, etc. Como a crise atingiu a Klüber Lubrication e qual a estratégia adotada para a minimizar os efeitos?
A crise nos atingiu de forma moderada, pois fabricamos insumos para indústrias essenciais e fornecemos à segmentos muito variados. Alguns sofreram muito - automotivo, por exemplo - mas outros cresceram na crise, como o alimentício.
Durante este período, focamos em três prioridades:
1. Manter nosso time e suas famílias em segurança
2. Manter a operação rodando, fabricando e entregando aos nossos clientes
3. Estar juntos, em constante comunicação
Também reforçamos nossa cultura de intraempreendedorismo, que preza pela liberdade e responsabilidade. Em momentos de crise, cada país deve decidir o que é melhor em termos de negócio para cada um. As realidades do Brasil, Argentina, Chile e Austrália são muito diferentes. Delegar e empoderar o time é a chave para reagir rapidamente.
Quais foram as ações que a empresa tomou neste período e que você acredita que deverão permanecer mesmo após a volta ao novo normal?
Todas as ações que melhorem a experiência dos clientes, funcionários e colaboradores, como: Home Office, ferramentas digitais e o fluxo intenso de viagens será revisto. Reorientamos o time a fazer o que a empresa necessita. Tivemos pessoas de vendas que foram ajudar na fábrica e logística, equipes do setor automotivo começaram a atender outros mercados. Assim, devem permanecer a nossa agilidade, velocidade de resposta e atendimento e a capacidade de inovar e intraempreender.
Qual a mensagem que a liderança da Klüber Lubrication passou, ou está passando, para os seus colaboradores e parceiros de negócios?
Resiliência é fundamental, e essa é nossa essência como empresa, time e indivíduo. Pertencemos ao Grupo Freudenberg, um grupo de tecnologia familiar de origem alemã de 170 anos. Nossos valores e princípios são a chave de nosso sucesso a longo prazo, que permitiram sermos bem-sucedidos em tempos muito difíceis, como guerras mundiais e diversas crises e cenários adversos.
Como CEO da região LATAM e da Austrália, comparando os dois mercados, quais as diferenças na gestão da crise que estão facilitando a volta dos negócios?
As principais diferenças foram o timing, nível do lockdown e impacto na economia. Na Austrália, a pandemia da Covid-19 demonstrou primeiro seus impactos, pois a cadeia de supply chain está diretamente ligada com a da China. Porém, sua recuperação foi muito mais rápida e com efeitos pequenos nas vidas das pessoas e na economia.
Já na América do Sul, mesmo com a chegada mais tardia, tivemos impactos maiores na saúde, economia e ainda estamos vivendo incertezas. Mas, prefiro falar do que temos em comum na gestão da crise, como Klüber Lubrication: dar liberdade aos nossos times para fazer o que deve ser feito, adequando-se a cada país e mercado.
Como estavam os resultados da Klüber Lubrication no mundo e como estão agora?
A Klüber Lubrication tem tido, por muitos anos, o crescimento sustentado e resultados positivos e crescentes. Este ano, totalmente atípico, não será possível crescer, mas manteremos os resultados positivos. Nossa política de ser financeiramente sólidos prova ser a melhor estratégia nas crises e nos permite navegar tempos turbulentos com solidez.
Voce é um argentino, que mora no Brasil e que gerencia também a Austrália. Quais são as diferenças culturais entre eles?
As diferenças são muitas, mas resumiria em: os brasileiros sempre tendem a falar ‘sim’, mesmo que depois reavaliem. Já os argentinos iniciam pelo ‘não’, e depois começam a escutar. Na Austrália, costumam ser moderados nas respostas. A diversidade é vista com mais frequência e a igualdade entre as pessoas é um valor essencial. E, são muito equilibrados entre a vida pessoal e o trabalho.
Você teve uma carreira ascendente e chegou ao posto de CEO, algo que poucos conseguem. Qual o segredo do sucesso?
Ser você, fazer o que acredita que deve ser feito e não esquecer que é melhor pedir perdão do que permissão.
Qual dica você daria para as pessoas neste momento de instabilidade global?
Manter a calma, agir de maneira unida e sem temor de errar.
*Material publicado originalmente na newsletter da Signium. A Signium é uma empresa global com mais de 40 escritórios em 30 países, com um amplo histórico na busca de executivos e consultoria estratégica de capital humano.